Jánão há surpresas no mundo.
Todas as palavras foram ditas e reeditadas.
Combinadas e reinterpretadas.
A luz foi descoberta; as sombras e contrastes entraram nas gravuras.
As imagens viraram rascunhos, desenhos. Foram copiadas, manipuladas e revistas.
As canções ganharam formas, formatos e compressõesaté se transformarem emcódigosbinários de mp3.
Os sonsemsuasondas foram descritos e inscritos à perfeição da pauta, materializando a ondaemsuacurvasenoidal.
As angústias receberam nomes, foram catalogadas e encadernadas nas brochuras da reminiscência; jogadasemrecônditosagônicos; mimetizadas e nomeadas como “psiquismos”, “Ids”, “egos”...
Os sábios se calaram ante o conhecimentopífio dos especialistas.
Finalmente, a história acabou. Morreu. Foi contada. Desencantada.
O tempo passou. O ser secou: já não havia novidades no mundo.
***
Porém, súbito surge àquela figura,
Aquelepequeno emaranhado de dúvidas e emoções.
Combinaçãogenuína da genética, da psiquê, da alma, do ser.
O descomunal e escandalosoindivíduoemsuasidiossincrasias.
Uma simples e definitivanegação do óbvio e do acabado:
A pessoa, dentre todas as outras desse mundo de bilhões, existe!
Vida renovada. Revivificada.
A dúvidaque espreitava paranosesperançar reivindica nossosolhos.
Olhar, palavraque redunda toda poesia é outravezprima-dona:
nuncafaladanemouvida.
Insondável, o amor revela o outro: nossaignorância.
Doravante, impreciso, nadamais será preciso.
Tudo é misterioso, novo e belopraquem tem alguémparaamar.